Helena odiava a última vistoria do dia. Era sempre a mais cansativa, a que mais arrastava. Seus sapatos de salto já não eram armas de poder, mas instrumentos de tortura. A pasta de documentos pesava como uma laje e a paciência, que era sua maior virtude profissional, estava se esgotando gota a gota. O imóvel em questão era um apartamento de dois quartos no bairro de Higienópolis, vago, com aquele cheiro característico de tinta fresca e solidão. Era só mais um espaço vazio em uma longa lista de espaços vazios.
Ou não.
Quando ela abriu a porta com a chave que a imobiliária lhe passou, o cheiro não era de tinta. Era de terra úmida, de solvente, de algo mais orgânico. E havia música. Um blues suave e melancólico tocando de um caixinha de som no chão da sala. E no meio da sala, de costas para ela, estava um homem. Ele era alto, magro, com o torso nu e manchado de tinta colorida. Calças jeans de artista, rasgadas e sujas. Ele estava em frente a uma grande tela em um cavalete, pincel na mão, completamente absorto em sua criação. Helena ficou parada na porta, a profissionalidade dando lugar a uma curiosa perturbação.
— Com licença? — a voz dela soou mais fraca do que gostaria. O homem se virou. E o mundo de Helena deu um tilt. Ele não era o tipo de homem bonito de capa de revista. Era bonito de verdade. Olhos profundos, barba por fazer de alguns dias, um sorriso lento e um pouco canino que nasceu nos lábios dele ao vê-la. — A vistoriadora? Pensei que já fosse amanhã. A voz dele era grave, com um tom rouco que fez as coxas de Helena apertarem. — A imobiliária marcou para hoje. Última da lista. Sou Helena. — Lucas. Dono do caos que você está vistoriando — disse ele, largando o pincel e limpando as mãos em um pano já sujo. Ele não fez menção de se vestir. E Helena, por um motivo que ela preferia não analisar, não pediu que o fizesse.
A vistoria começou, mas o ritual estava quebrado. Helena tentou se concentrar em sua checklist: “Estado geral dos pisos”, “Rebocos”, “Instalações elétricas”. Mas era impossível. Lucas a seguia como uma sombra, um comentário casual aqui, um toque “acidental” ali. Na cozinha, ele se inclinou para mostrar uma “gaveta que emperra”, e seu braço roçou no seio dela. Ela deu um pulo, como se tivesse levado um choque. — Desculpe — disse ele, mas o sorriso dizia que não estava nem um pouco arrependido. — Sem problema — respondeu ela, a voz embargada. O ar estava pesado, denso, carregado de uma eletricidade que não tinha nada a ver com a fiação do apartamento.
O clímax da tensão aconteceu no quarto principal. O único móvel no cômodo era um colchão no chão, sem lençol. Helena sentiu o rosto esquentar. Lucas parou no meio do quarto, olhando para ela. — É aqui que a mágica acontece — disse ele, e o duplo sentido era tão óbvio que ofendia. Ou excitava. Helena não sabia mais. — Eu… eu preciso verificar o armário embutido — gaguejou ela, indo em direção à porta. — Helena. Ele disse seu nome de uma forma que a fez parar. Ela se virou. Ele estava mais perto agora. — Você não está vindo aqui para vistoriar os azulejos do banheiro, está? Você está fugindo de mim. Ela se sentiu exposta, lida como um livro aberto. S máscara profissional, aquela carapaça que ela levava anos construindo, rachou. — Eu não sei do que você está falando. — Sim, você sabe. Eu vejo a forma como você me olha. Não é o olhar de uma vistoriadora. É o olhar de uma mulher. Uma mulher cansada. Uma mulher que, assim como eu, está sozinha em um apartamento vazio no fim do dia.
Ele deu um passo. Ela não recuou. Ele levantou a mão e tocou o rosto dela, o polegar roçando no lábio inferior. O contato foi uma faísca em um barril de pólvora. — Estou certo? — sussurrou ele. Helena não respondeu com palavras. Ela respondeu com um beijo. Um bejo desesperado, faminto, que selava o fim de sua profissionalidade e o começo de algo muito mais primitivo. As mãos dele desceram pelas suas costas, apertando seu bumbum, puxando-a contra si. Ela sentiu o pau dele, duro e grande, apertado na calça. Um gemido escapou de sua garganta.
Em segundos, as roupas eram um obstáculo a ser vencido. Ele abriu a blusa dela, liberando os seios que transbordavam do sutiã. A boca dele desceu, mordiscando um bico duro através do tecido, enquanto a mão subia pela saia, encontrando a filinha da calcinha, já molhada. — Porra, Helena… tá molhada pra caralho — rosnou ele no ouvido dela, enfiando um dedo na buceta dela. Ela gemeu alto, as pernas fraquejando. Ele a guiou até o colchão, deitando-a de costas. Abriu as pernas dela e, sem aviso, mergulhou de cabeça. Lucas lambeu a buceta dela com uma fome animal, chupando o clitóris, enfiando a língua fundo, bebendo seu gozo. Helena se contorcia no colchão, as mãos agarradas nos cabelos dele, gritando palavrões que nunca imaginou que diria no trabalho. — Chupa essa buceta, seu desgraçado! Não para! Lambe tudo! — ela implorava. Ele obedeceu, levando-a ao limite com a boca, até um orgasmo explosivo sacudir seu corpo inteiro.
Ela o puxou, querendo mais. Desceu as mãos e abriu o botão da calça dele, libertando o pau que pulsava. Era grosso, cheio de veias, uma obra de arte. Ela não pensou duas vezes. Sentou-se e engoliu a cabeça do pau dele, saboreando o gosto salgado do pré-gozo. Ela chupou com vontade, com fome, desejando sentir ele todo na sua garganta, enquanto ele segurava seu cabelo e a gujava, rosnando de prazer. — Caralho, que boca gostosa… é assim, sua vistoriadora safada… chupa esse pau.
Ele a puxou e a colocou de quatro no colchão no chão. A visão daquele bumbum empinado, da buceta molhada e brilhando, o enlouqueceu. Ele enfiou o pau de uma só vez, até o fundo. O grito de Helena foi de puro prazer e dor. Ele começou a foder, forte, sem piedade, o som da pele batendo na pele ecoando no quarto vazio. Cada golpe era uma declaração, uma posse. — É assim que você quer? Pau duro na sua buceta? — ele perguntava, dando tapas no bumbum dela. — Sim! Fode gostoso! Mete forte! Me usa, caralho! — ela respondia, perdida em um turbilhão de tesão. Ele a pegou pelos cabelos, puxando a cabeça para trás, e a fodeu ainda mais fundo. Ela sentia o orgasmo se aproximando de novo, uma onda gigante prestes a quebrar. — Eu vou gozar — gemeu ele. — Goza na minha buceta! Enche essa buceta com tua porra! — pediu ela, e aquilo foi o estopim. Ele deu alguns golpes finais e explodiu dentro dela, sentindo o esguicho quente do gozo dela misturado ao seu. Eles caíram no colchão, exaustos, ofegantes, corpos colados, suados.
O silêncio voltou a preencher o quarto, mas agora era um silêncio confortável, satisfeito. Helena olhou para o teto, o coração ainda disparado. Ela nunca tinha se sentido tão viva. Lucas passou a mão pelo corpo dela. — Acho que encontrei um defeito no imóvel — disse ele, a voz baixa. — Qual? — ela perguntou, sem forças. — Esse apartamento… ele tem uma energia muito forte. Vai ser muito difícil para o próximo inquilino esquecer o que aconteceu aqui.
Helena sorriu. Ela se levantou, se arrumou o melhor que pôde, pegou sua pasta e a checklist. No campo “Observações”, ela escreveu: “Imóvel em perfeito estado. Aprovado para locação. Recomendo revisar o sistema de… acústica.” Ela olhou para Lucas, que a observava com um sorriso de gato que comeu o canário. — A vistoria está encerrada — disse ela, a voz de volta ao tom profissional, mas com um novo brilho no olhar. — Até a próxima.

